Blues Etílicos - Blues Etílicos IV (1991)
Blues Etílicos - Blues Etílicos IV (1991)
01 - How Many More Times 02 - Louco Da Cidade 03 - Hard Times 04 - 3º Whisky 05 - Pelicano 06 - Shame, Shame, Shame 07 - Na Beira Da Madrugada 08 - Break And Butter 09 - Miss Coke 10 - Fuss And Fight 11 - Country Girl Greg Wilson – vocals, guitar Flávio Guimarães – vocals, harmonica Otávio Rocha – guitar, slide guitar Jorjão Barreto – organ, piano Cláudio Bedran – bass Gil Eduardo – drums Peninha – percussion
O primeiro álbum do Blues Etílicos ganhou um público e certa repercussão justamente porque tinha uma pegada mais roqueira. Músicas interessantes como “O Sol Também Me Levanta”, “Estudo em Vermelho” e “Auto-Suficiência” têm guitarras nervosas e um baixo pulsante, e são mais aceleradas do que o tradicional blues que as pessoas esperavam.
Nos clássicos revisitados, como “Key to the Highway”, o quinteto mantém a reverência ao estilo, mas adiciona elementos bem brasileiros, cortesia, em grande parte, do guitarrista e vocalista Greg Wilson, um norte-americano de alma bem carioca.
“Não tem como não destacar: Greg sempre foi um trunfo nosso, cantava blues sem sotaque e com pronúncia perfeita em inglês, e ainda adicionava um suingue brasileiro bem característico. Deu muito certo”, diz Guimarães.
O gaitista evita o saudosismo, fala com carinho dos anos 80 e 90, o pico de popularidade de artistas brasileiros do gênero, mas é bem crítico ao analisar o mercado a partir dos anos 2000. “A cena estava legal, muitos artistas de qualidade tocavam e gravavam no exterior, como André Christóvam e o Nuno Mindelis, o Blues Jeans, do Marcos Ottaviano, lotava as casas onde tocava, assim como o Big Allanbik, entre outros. Só que houve um esgotamento. Muita gente entrou no blues sem grandes ambições, quase como um hobby, e isso contribuiu para uma caída. Muita banda ruim ocupou parte expressiva do espaço em bares e casas noturnas, o que afastou o público.”
Mas o Blues Etílicos não tem do que reclamar: faz em média 60 shows por ano – o roqueiro Nasi (ex-Ira!), por exemplo, na ativa e com boa estrutura na carreira, faz cerca de 80 – e é uma banda frequente e cativa nos principais festivais de jazz e blues do país.
E Guimarães reconhece a importância de uma entidade na manutenção de uma carreira importante para artistas que têm um trabalho sério e de qualidade: o Serviço Social do Comércio (Sesc), vinculado às Federação do Comércio de cada Estado. “O Sesc salvou a música brasileira de qualidade por conta de sua programação eclética e democrática, além de uma visão de cultura condizente com a importância que o setor exige. A administração é competente, sobretudo em São Paulo. A política de escolha de artistas é transparente, há critérios bem definidos na hora de definir a agenda. E nós nos beneficiamos disso.” O último CD foi “Viva Muddy Waters”, de 2007, e a banda já está reunindo material para um próximo trabalho inédito a ser gravado e lançado no primeiro semestre de 2013. Mas a agenda está cheia, pois o quinteto pretende continuar as comemorações dos 25 anos do primeiro lançamento.
Também vai tomar certo tempo as negociações para definir para breve o relançamento do DVD “Live at the Bolshoi Pub”, gravado em Goiânia, e dos álbuns “Água Mineral” (1989) e “San-Ho-Zai”(1990), considerados pela crítica como os pontos altos do grupo.
Ao mesmo tempo, Flávio Guimarães finaliza os trabalhos de seu próximo álbum solo, que deve sair pela Substancial Music ainda em 2012. “O trabalho que esta empresa está realizando resgatar álbuns importantes de artistas nacionais é estupendo, além de apoiar novos projetos, como o do André Christóvam, que está prestes a sair (“André Christóvam Trio Live in POA with Hubert Sumlin” será lançado ainda em outubro). A música de qualidade ainda tem bom público no Brasil.) --- Marcelo Moreira, blogs.estadao.com.br
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