Bezerra da Silva - Os Grandes Sucessos de Bezerra da Silva (1984)

A01. Dedo Duro - (Joel Silva)
A02. Pega Eu - (Criolo Doido)
A03. A Necessidade - (Jorge Garcia / José Garcia)
A04. O Pinel - (H. Sampaio)
A05. Bata da Vovó - (Edenal Rodrigues / Darci de Souza)

B01. Malandro Não Vacila - (Julinho)
B02. Todo Enrolado - (Pernambuco / Carlinhos)
B03. Velha Demais - (Quarentinha)
B04. Acordo de Malandro - (G. Martins / João Rosa Filho)
B05. Meu Pirão Primeiro - (Jorge Garcia / Nilo Dias)

José Bezerra da Silva, nasceu em 24 de fevereiro de 1927 e faleceu em 17 de janeiro de 2005. Cantor, compositor e músico teve uma carreira muito consistente nos anos oitenta. Servente de pedreiro, pintor e depois ritmista de vários grupos e cantores (Jackson do Pandeiro), BEZERRA chegou de Recife e foi morar no morro do Cantagalo. Passei a conviver com ele exatamente no início de seu sucesso em 1983 e de 1985 a 1990 acompanhei quase que diariamente sua trajetória. Foram mais de 200 shows, preparação de inúmeros discos e uma infinidade de viagens. A convivência com BEZERRA DA SILVA, foi sempre uma grande aprendizagem. Em 1984 herdou o conjunto NOSSO SAMBA, em razão do falecimento da cantora CLARA NUNES, motivo de grande importância em seu trabalho. Genaro Soalheiro que era o líder do NOSSO SAMBA foi primordial para o sucesso do cantor, além de todos os músicos. Viajamos por quase todo o Brassil, mas foi em São Paulo e Santos as duas cidades de maior sucesso do cantor, além da região do ABC paulista. Pode-se dizer que nos anos de 1985 a 1988 foi um dos artistas mais solicitados para shows.

Malandro Rife foi o disco que o consagrou definitivamente e Justiça Social o que mais o deixou feliz. Das músicas que narravam o cotidiano das pessoas, sátiras, até os sambas que retratavam a vida dificil da Baixada Fluminense e dos morros cariocas, BEZERRA foi um fenômeno de vendas (na RCA somente Sérgio Reis e Amado Batista vndiam mais que BEZERRA DA SILVA).

Reputo que seu sucesso está alicerçado em três pontos: a sabedoria para escolha das músicas; a qualidade do Conjunto Nosso Samba nos shows e a produção de seus discos realizada por ARAMIS BARROS. Parte do grupo que comandava sua carreira, queria que ele direcionasse a carreira para as sátiras, músicas ligadas a religião espirita ou história de malandros. Incluo ADELSON ALVES como um dos que fizeram várias vezes esse pedido ao BEZERRA. Mas ele preferiu de forma dificil de argumentar, manter a temática do tóxico, do consumo, da mensagem de duplo sentido. Certamente essa segunda opção o tirou do mercado. Brizolista, Flamenguistas e Mangueirense. Uma vez no Aeroporto Santos Dumont o apresentei a Luis Carlos Prestes e ambos se abraçaram de forma calorosa. Dois homens que não se conheciam pessoalmente, mas que conheciam a vida do outro.

Pude organizar diversos lançamentos de discos, shows em comunidades, comerciais de TV, shows em grandes casas por todo o Brasil e deixei de trabalhar com ele no início de 1990. Não perdemos o contato, mas tão somente o compromiso profissional.Cheguei depois a fazer alguns trabalhos indepedentes. Não convivi com ele no momento em que aceitou a religião evangélica. Foi um excepcional profissional, preocupado com a qualidade de seus discos e de seu show. Jamais fez um show em estado anormal. Jamais usou tóxico nos anos nos quais convivi com ele. Tomava um conhaque eventualmente, sobretudo quando os shows eram em região fria. Sofria de uma bronquite crônica que perturbava sua vida.

Vi nascer vários sucessos no almoço que ele promovia na Rua Voluntários da Pátria em Botafogo, juntamente com sua esposa Regina – sempre às terças.. Ali os compositores levavam fitas cassete com letras escritas em qualquer tipo de papel, mas que ele eventualmente consertava (muito cuidado com o idioma)e dava o devido tratamento harmônico juntamente com seu produtor e músicos. Deve-se homenagear pelo seu sucesso vários compositores (Criolo Doido, Noca da Portela, Adezonilton, Wilsom Bombeiro, Laureano, José Garcia dentre outros – minha memória falha) e seus músicos (Genaro, Barbosa, Carlinhos, Stênio, Alberto, Papão, Jorge Batera, Geraldo Bongô, Jorge Garcia, Paulinho da Aba, Trambique, dentre outros). --- maismemoria.net

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